Primeiras memórias

Lembrando que todas as histórias contadas aqui são baseadas em histórias que pessoas me contam e vão estar sempre relatadas em primeira pessoa. Isso não quer dizer que as histórias sairam da minha cabeça.
Bom, tem gente que fala que sair do armário é difícil. Já eu penso que o difícil é percerber que se está dentro dele. Isso leva um tempo e quando já se percebe, vem a fase de aceitação, mas isso já é outra história.
Agora já aqui fora, consigo ver os sinais que a alma me dava ainda na infância, que por falta de malícia passaram despercebidos. Eu lembro que ganhei um disco da Xuxa, no qual a capa era ela lindamente inclinada para frente com uma blusa transparente, deixando evidente a silhueta dos seus seios. Eu lembro ficar horas observando aquela foto intrigante. Mais tarde, anos depois, outros fatos me chamaram a atenção. Um ciúme descompassado de uma amiguinha da oitava série (lindíssima). Na verdade não éramos tão ligadas assim. Mas eu não queria dividi-la com ninguém. Acho que eu era mais amiga dela do que ela minha, e hoje tenho certeza que nem lembra que eu existo. Eu lembro de ter tirado um foto de um álbum na casa dela e guardei por anos, olhando vez por outra. Depois disso vieram todos os garotos e tudo pareceu perder o sentido. Eu fiquei trancada no fundão do armário por exatos 11 anos. Resumo da obra: 4 namorados, mais de 100 bocas masculinas beijadas e apenas 2 na minha cama. Durante este tempo, nada de extraordinário a nãoser o fato de não gostar tanto de sexo quanto as minhas amigas. Meu último namoro que durou cerca de 3 anos, entre idas e vindas, se sustentou no fato dele também parecer não gostar de sexo, ao menos para um rapaz da idade dele (vinte poucos anos), o que para mim era bastante conveniente.
Enfim, aos 24 anos, solteira há quase 2, uma amiga me liga convidando para o show da Ana Carolina e eu de pronto disse que não, porque não gostava do estilo dela. Ela respondeu que era tarde porque já havia comprado os ingressos. Naquela noite às 9:30 da noite abriram-se as cortinas e junto com elas, as portas e janelas daquele sentimento disfarçado da infância. Sim, a culpa é dela. Daquele dia em diante, todas as peças do quebra cabeças pareciam se encaixar. Junto com essa paixão louca, vieram as dúvidas, vontades, desejos, medos, amigas, mais amigas com estereótipos diferentes do que eu imaginava. Então apareceu ELA. Chegou devagar, como quem não quer querendo e a insegurança como sua marca registrada. Hoje carrego no dedo da mão esquerda, uma linda aliança de ouro branco. O resto da história ainda está em construção dia a dia. (final mais que feliz).

1 comments:

Camila said...

É... acho que não tenho muito o que dizer. Se eu falar mto vou acabar entregando a dona da história...
Dá pra escrever um livro!! :)

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